PUBLICIDADE

Radiografia do mercado

- Publicidade -

Série de reportagens pretende evidenciar as especificidades de empreender em papelaria em cada uma das regiões do país através da radiografia do mercado

Que o Brasil tem dimensões continentais é notório e de fácil percepção. O que é um pouco mais complexo é entender como cada região deste país se comporta diante de hábitos de consumo, infraestrutura e dinâmica do setor de papelarias. A série de reportagens Vivo de Papelaria no Brasil tem como objetivo dar luz a aspectos regionais que impactam os negócios de todos os entes envolvidos, fazendo uma radiografia do mercado.

O Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, da Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil, indica que há mais de 54 mil empresas registradas com o Código Nacional de Atividade Econômica (CNAE) 4761003 (varejo de papelaria), excluindo os microempreendedores individuais (MEIs), esse número cai para um pouco mais de 33 mil. Já no campo do atacado, a Secretaria registra cerca de 3.700 empresas registradas com o CNAE 4647801. Para além de números, a radiografia do mercado também se debruça sobre o comportamento do empresário e do consumidor. Começamos pela Região Sul e, a cada nova edição, uma região será retratada, assim avançaremos pelo Brasil.

Foco na alta qualidade

Produtos de alto valor agregado fazem sucesso no mercado, enquanto dificuldades logísticas são citadas como principal desafio da região

radiografia do mercado

Responsável pela segunda maior fatia do PIB nacional (17,4%), conforme pesquisa divulgada ano passado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a região Sul do Brasil apresenta peculiaridades quanto aos principais desafios e vantagens de se trabalhar com o mercado papeleiro. Enquanto a dificuldade logística é citada como um obstáculo, características regionais tornam o consumo de papelaria algo único na região, como a valorização de produtos de alta qualidade e durabilidade.

Atualmente, a região possui 8.183 papelarias ativas, segundo o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, gerenciado pela Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil, com o código CNAE 4761003. O Paraná é o estado com mais empresas do segmento na região (44,4%), seguido do Rio Grande do Sul (32,1%) e de Santa Catarina (23,5%). Uma dessas lojas é a Papelaria Amores, de Curitiba, cuja proprietária, Maryam El Khoury, diz enfrentar dificuldades relacionadas à logística de entregas e tributação.

Louise Duarte, radiografia do mercado
“Imagino um futuro promissor, com oportunidades de crescimento impulsionadas pela inovação, digitalização e sustentabilidade. O foco em produtos personalizados para diferentes tipos de rotinas, de estudos, trabalho e organização pessoal também terá destaque, trazendo grandes oportunidades fora das datas sazonais. Acredito que as empresas que souberem se adaptar e antecipar as tendências do mercado estarão bem-posicionadas para prosperar nos próximos anos”

Louise Duarte Santos, gerente de marketing e produto da Uatt

“Os impostos na minha atual região impactam diretamente a margem de lucro. Quando eu morava em Blumenau, conseguia uma caneta apagável por cerca de R$ 5, e percebi um custo maior no mesmo produto logo que me mudei para Curitiba. Isso impacta o preço final: em alguns itens consigo reajustar o preço e manter a competitividade, mas em outros isso não é possível. Preciso baixar minha margem para me manter atrativa aos clientes. Também temos dificuldades com a questão do frete para os grandes centros. Começamos a ter melhores resultados agora, com auxílio de uma plataforma chamada Frenet, que fornece boas condições”, analisou a empresária.

Já a empresária Débora Piazza, sócia da papelaria Via Trento, de Florianópolis, observa a predileção do consumidor por centros comerciais como um desafio para as papelarias de bairro. “Vejo que em nossa região, as pessoas ainda têm o hábito de fazer compras básicas em shoppings. No entanto, nossa papelaria está localizada em um bairro sem grandes centros comerciais. Apesar dessa concorrência menor, buscamos ter sempre bons produtos para fidelizar o cliente e transmitir a mensagem de que ele pode encontrar tudo o que precisa em nosso estabelecimento”, comentou Débora, que também elogiou os benefícios fiscais de Santa Catarina. “O ICMS acaba sendo menor que em alguns outros estados, o que é muito positivo”, celebrou.

Ediana Zavaski, radiografia do mercado
“Na região Sul, vejo o mercado papeleiro em uma crescente. Lógico que temos coisas para melhorar: temos que trazer inovação e novos produtos e estamos sempre em busca disso. O público almeja produtos diferenciados e nós, da Tex Papel, buscamos sempre desenvolver um artigo de qualidade que atenda às demandas do nosso cliente”

Ediana Zavaski Kohler, sócia diretora da Tex Papel

Empresários dos três estados da região Sul ressaltam que, devido ao alto poder aquisitivo da população, produtos de maior valor agregado são cada vez mais procurados, no entanto, a concentração de feiras na região Sudeste dificulta o acesso às novidades apresentadas pelo mercado. Para Andria Lima, proprietária da Gil Store, de São Jerônimo, no Rio Grande do Sul, a presença em eventos é indispensável para quem procura ter uma vitrine atualizada.

“Para ser reconhecida pelos fornecedores, precisamos visitar constantemente feiras do mercado papeleiro no Sudeste. Percebo que muitos lançamentos demoram a chegar aqui no Sul, o que gera ansiedade nos clientes. Apesar dessa dificuldade logística, ressalto que o contato que temos via WhatsApp com os fornecedores é impecável”, ponderou a empresária.

A proprietária da Gil Store também destacou que as dificuldades logísticas são um desafio a mais para as papelarias que atuam no segmento on-line na região Sul. No caso da empresa gaúcha, uma das estratégias utilizadas para superar essa adversidade é a alternância da periodicidade de envio das compras. “Firmamos contrato com uma transportadora e, duas vezes por semana, despachamos as encomendas. Em épocas de maior demanda, como o Natal, esse volume naturalmente aumenta. Temos contrato com os Correios também, mas confesso que temos um resultado melhor com a transportadora”, comentou Andria.

Guilherme Catta radiografia do mercado
“Estar na Região Sul é muito positivo. Em primeiro lugar, olhando pelo lado humano, a região oferece uma qualidade de vida excepcional com um nível educacional e profissional entre os melhores do país. Pelo lado do negócio, apesar de ser um mercado muito exigente em relação ao quesito qualidade de produtos e atendimento, o que é muito bom para nós, é ao mesmo tempo muito aberto à inovações e novidades e ao desenvolvimento de relações de longo prazo. Também, por motivos óbvios, por estarmos aqui, nos beneficiamos da menor distância geográfica para boa parte de nossos clientes, podendo, consequentemente, oferecer um nível de atendimento diferenciado. Como desafio, podemos citar a distância de São Paulo, cidade aonde muitos negócios acontecem e aonde estão localizados vários de nossos parceiros e também das regiões Norte e Nordeste, o que tentamos minimizar através de estratégias específicas focadas nessas regiões”

Guilherme Catta-Preta, Sócio e diretor comercial da Summit

Região possui histórico de união entre papelarias

Empresas ouvidas pela Revista da Papelaria também citaram o baixo capital de giro como um empecilho à composição de estoque. É o caso da Papelaria Aquarela, fundada em 2018, em Campo Largo, no Paraná. “No meu ponto de vista, existe uma demanda muito grande por artigos do mercado papeleiro na região Sul. Nós é que não estamos fazendo as coisas da melhor forma e, sabendo disso, estamos planejando melhor nossos próximos passos”, comentou Romildo Nahirne da Silva, proprietário da loja.

É pensando em oferecer soluções para esse tipo de problema aos comerciantes do sul que a Brasil Escolar nasceu há cerca de trinta anos. “Somos a primeira associação do país e percebemos ao longo do tempo um desequilíbrio na concorrência. Muitos papeleiros batem na porta do fabricante e não possuem capital para grandes pedidos, que consequentemente geram condições especiais. Historicamente, trabalhamos em prol desse empresário. Hoje, temos mais de cem fornecedores e conseguimos condições especiais para cerca de cinquenta lojas associadas. Em nome do grupo, alcançamos boas negociações para todos os associados”, explicou Matheus Gabassi, diretor de marketing da entidade. “Vejo que o mercado na região possibilita um crescimento elevado a papelarias que são também lojas de utilidades no ambiente on-line. É um nicho que deve ser explorado”, complementou o gestor.

Jonny Maeda radiografia do mercado
“Em conversa com alguns clientes, percebemos que o mercado na região Sul tem se mostrado com poucas oportunidades para novas marcas. A rotina para fidelização de clientes tem que ser melhorada”

Jonny Maeda, gerente comercial da Nova Credeal

Francielle Nunes radiografia do mercado
“Estamos muito próximos da região Sudeste onde estão grandes mercados consumidores, e esse é um aspecto muito positivo. Por outro lado, contamos com estrutura de transporte para atender as áreas do Norte e Nordeste, embora o tempo de entrega seja maior comparado com as regiões mais próximas”

Francielle Nunes, diretora da Carimbos Nykon

Carlos olímpio radiografia do mercado
“Buscamos atualmente no Sul parcerias de distribuição com a finalidade de recolocar os produtos nas prateleiras, alimentando o consumo. Essa estratégia tem dado certo. Com os novos distribuidores criamos demanda com campanhas entre vendedores e tentamos estar presentes em eventos e feiras, isso tudo ajuda a não sofrer com a sazonalidade”

Carlos Olímpio Malucelli, diretor presidente da Rendicolla

Segundo o Censo Escolar de 2023, o Brasil registrou 47,3 milhões de alunos matriculados em 178,5 mil escolas de educação básica. Desses, cerca de 6,4 milhões são da região Sul do país. Apesar de contar com aproximadamente 13% dos estudantes do território nacional, Matheus Gabassi afirma ser fundamental que empresários do setor papeleiro diminuam cada vez mais a dependência do volta às aulas.

“Na minha visão, o sul do país possui dois cenários bem distintos. O primeiro deles contempla as papelarias que são tradicionais na cidade, com uma clientela bem definida de meia idade. Quando os filhos destes consumidores entram para a faculdade, o volume de vendas diminui e os clientes mais fiéis passam a comprar apenas insumos básicos. É nesse momento que a operação da papelaria passa a ser problemática. Ninguém pode ser escravo do volta às aulas”, avaliou. “O outro cenário diz respeito à papelaria que se atualizou com e-commerce, que trabalha com delivery sem depender apenas das vendas do balcão. Nesse caso, o céu é o limite. Precisamos estar em constante processo de atualização”, completou Gabassi, que também é fundador do Blog da Papelaria.

Para facilitar o trabalho logístico, Alex Georgiadis, vice-presidente da Rede Paper, uma associação de papelarias e livrarias do Rio Grande do Sul, conta que a entidade trabalha para desenvolver uma plataforma de e-commerce própria, favorecendo empresas associadas.

“Estamos ainda em fase de estudos para colocar esse projeto em prática. A ideia é desenvolver uma plataforma que identifique a loja mais próxima ao cliente, otimizando todo o processo de venda. Hoje, para o papeleiro de pequeno porte, os marketplaces não são uma boa opção devido às grandes taxas cobradas. Queremos mudar esse cenário”, planejou o dirigente, que também avaliou o ano de 2024 como difícil para o varejo. “O mercado no sul ainda está complicado, percebo que as empresas ainda não se recuperaram da pandemia. Este ano será desafiador para todos nós. Vemos índices econômicos, estudos dos sindicatos e lojistas que apontam para uma economia estagnada”, acrescentou.

Gabriel Blochtein radiografia do mercado
“Percebemos um cenário bem dinâmico e diversificado, com uma crescente demanda de produtos de qualidade e que atendam às necessidades voltadas para praticidade e durabilidade. A Condor segue a tendência de mercado em fabricar pincéis ecológicos que utilizam filamento sintético na composição da ponta e plásticos e madeiras ecológicas na fabricação dos cabos”

Gabriel Blochtein Burd, diretor de unidade de negócios pincéis Condor

Fornecedores avaliam o mercado

A predileção por produtos de linhas premium é uma percepção comum entre os fornecedores do mercado papeleiro na região Sul do Brasil. “Percebemos uma absorção melhor de coleções personalizadas ou temáticas, produtos com valor agregado e diversas funcionalidades. Pelo alto poder de consumo, os consumidores podem escolher pagar a mais por artigos diferenciados”, avaliou Edson Cardoso Teixeira, diretor executivo da Leonora.

As condições climáticas e características culturais também diferenciam o consumo de produtos de papelaria na região. Essa é a opinião de Gabriel Blochtein Burd, diretor de unidade de negócios da Pincéis Condor, empresa fundada em 1929 na cidade de São Bento do Sul, interior de Santa Catarina.
“Existem algumas diferenças sutis em relação a outras partes do Brasil: percebemos que devido à forte influência cultural europeia na região, produtos relacionados à arte, como os pincéis, podem ter uma demanda um pouco maior em comparação com outras regiões. Além disso, os hábitos climáticos da região Sul, com invernos mais rigorosos, podem influenciar o padrão de consumo de certos produtos de papelaria. Por exemplo, durante os meses mais frios do ano, pode haver uma demanda maior por produtos relacionados a atividades indoor, como pintura, desenho e escrita”, constatou o gestor da Pincéis Condor.

A maior exigência do sulista por qualidade vai além da alta procura por produtos refinados. O cuidado com a organização do ponto de venda e a atenção redobrada com a experiência do consumidor são preocupações adicionais de empresários que atuam na região. Para Matheus Gabassi, diretor de marketing da Brasil Escolar, essa é uma característica enraizada na cultural local.

“O sulista tem um apreço muito grande por cuidar bem do ambiente dele. Independente da condição financeira de cada um, notamos por aqui que casas com gramas bem aparadas e paredes pintadas são quase uma obrigação para quem mora por aqui. E no mercado papeleiro não é diferente: percebo que, independentemente do tamanho da loja, os empresários procuram desenvolver ambientes aconchegantes, organizados e com a vitrine bem iluminada. Esse zelo pelo ponto é obrigatório”, refletiu Gabassi.

Enias Paschoal radiografia do mercado
“Acreditamos que a implantação e divulgação dos nossos produtos no mercado de papelaria poderia acarretar um crescimento grande na região. Particularmente, não temos muitas empresas cadastradas em nosso sistema e os telefones que constam dos poucos clientes que temos na região não atendem, até porque muitos comerciantes trabalham com WhatsApp. Portanto, seria imprescindível ter acesso aos clientes por meio dos seus telefones ou WhatsApp e os nomes dos responsáveis pelas compras”

Enias Paschoal Junior, diretor comercial do Vale das Letras

Já para Jonny Maeda, gerente comercial da região Sul da Nova Credeal, a falta de renovação é um empecilho para o desenvolvimento do mercado papeleiro local. “Os fornecedores de papelaria têm enfrentado a questão da falta de renovação de representantes comerciais, pois não tem surgido novos profissionais e os que já estão consolidados normalmente já têm produtos similares. Para empresas enraizadas na região há uma grande vantagem por já ter a confiança do consumidor”, avaliou.
O otimismo com o crescimento do mercado na região não é compartilhado por todos os fornecedores do sul. A Vale das Letras, por exemplo, notou uma redução de 20% no consumo local nos últimos anos. Na visão de Enias Paschoal Junior, diretor comercial da empresa, a variedade de artigos comercializados podia ser maior.

“Percebemos que o mercado poderia crescer mais se as empresas comercializassem mais produtos alternativos, como livros paradidáticos, infantis, de colorir e didáticos que são adotados nas escolas particulares. Acredito também que as associações de livrarias e papelarias deveriam incluir mais reuniões com as empresas e incentivar mais os comerciantes a procurar produtos com valores agregados maiores”, comentou o diretor comercial da Vale das Letras. “Ainda acreditamos em um potencial enorme de crescimento do mercado de papelaria na região Sul, mas as empresas deveriam aceitar mais as sugestões de implementar, com atenção, a disponibilização dos livros infantis, de colorir e até quebra-cabeças que abordem assuntos do momento, como a dengue”, completou.

Entidades setoriais localizadas na região Sul

Brasil Escolar

  • Serviços: acesso à central de negócios com cem fornecedores e tabelas de preço já negociadas; informações privilegiadas sobre tendências do mercado; grupo VIP dos associados no WhatsApp; descontos de até 10% em marketing; link exclusivo de afiliado com comissão de 10% na indicação de associados e selo de qualidade de loja associada.Adesão: a partir do preenchimento do formulário disponível no site (www.brasilescolar.com.br).
  • Mensalidade: plano mensal R$ 489/mês; plano semestral R$ 397/mês; e plano anual R$ 297/mês.
  • Contato: (11) 97310-6002 ou (11) 3854-6210.

Rede Paper

  • Serviços: centro de distribuição; compras coletivas; marketing coletivo; ações de cursos; treinamentos; fórum de vendas da rede; sistema de gestão compartilhado; rádio compartilhada entre as lojas.
  • Adesão: por meio do site www.redepaper.com.br/seja-um-associado.
  • Contato: (51) 3586-5309.

CME no Sul
A Adispa (Associação de Distribuidores de Papelaria) tem atuado em todo o Brasil para a disseminação do CME (Cartão Material Escolar). O mecanismo reúne a ação social do governo, o fomento do comércio local e a autoestima das famílias que passarão a poder escolher o material escolar do estudante. Nos estados da região Sul, o CME já foi implantado nos seguintes municípios:
· Foz do Iguaçu (PR): 27mil alunos assistidos, com uma verba de R$ 4 milhões.
· Balneário Camboriú (SC): 14 mil alunos contemplados.
· Faxinal dos Guedes (SC): 1.700 alunos receberam o benefício.
· Gravataí (RS): 28 mil alunos contemplados com o benefício.

- Publicidade -

Gostou desse conteúdo? Compartilhe e sinta-se à vontade para publicar no seu blog ou site! Dê o crédito assim: Fonte - Revista da Papelaria

PUBLICIDADE

Artigos relacionados